Das pás e picaretas aos robôs
Há muito a mineração deixou de ser feita à base de pás e picaretas, como nos tempos da corrida do ouro, no século 18. Hoje, quem visita uma mina poderá deparar com caminhões elétricos e equipamentos autônomos, que são controlados à distância, especialmente em minas subterrâneas, onde o risco de acidentes é maior.
Além desse lado visível da evolução tecnológica da mineração, há o lado invisível, dos laboratórios onde sofisticadas operações químicas permitem a separação de substâncias que se fazem presentes no mesmo minério, mas precisam ser apartadas para que possam ser comercializadas, cada uma para atender a um determinados uso.
Um exemplo disso, no caso do Brasil, é a prata. O país é um produtor de prata. Só que não existem minas específicas deste elemento no Brasil. A prata é um subproduto do ouro, este sim, abundante por aqui. A separação da prata é feita por meio de uma reação química que envolve o uso do ácido nítrico ou processos eletrolíticos, com eletricidade.
A regra geral, válida para qualquer tipo de minério, é que antes se começar o seu beneficiamento, ele é submetido a sofisticados testes que avaliam sua granulometria (tamanho de suas partículas) e sua composição química. Dependendo dos dados apurados, será definido o tipo de beneficiamento a que será submetido.
Na mineração de ferro, o avanço da tecnologia permitiu que os finos de minério, também conhecidos como rejeitos, pudessem ser aproveitados, em vez de serem apenas descartados, em barragens ou em pilhas. Para que possam ser comercializados, os finos são agrupados em pelotas (pelotização).

Foto: Jefferson Rocio/Samarco
Finos deixaram de ser rejeitos
O avanço tecnológico também serviu para que a exploração do minério de ferro de baixo teor (conhecido como itabirito) passasse a ser economicamente viável. Até poucas décadas atrás, o itabirito era descartado como rejeito, em um processo caro e de alto impacto sobre o meio ambiente, pois demandava a construção de barragens.
Foi então que a tecnologia entrou em cena fazendo a separação magnética dos dois tipos de minério de ferro, uma tecnologia desenvolvida por pesquisadores brasileiros.
Nos dias de hoje, a tecnologia é também fundamental para a separação dos 17 elementos de terras raras presentes no minério. São sofisticados processos físicos e químicos que, na sequência, permitem a extração seletiva de cada um destes elementos, fundamentais para a transição energética em direção a uma economia de baixo carbono.
Os elementos de terras raras estão presentes, por exemplo, nos imãs, sem os quais os motores elétricos não funcionariam; e nas turbinas de geração de energia eólica, entre outros equipamentos.
Na mineração do futuro, a tecnologia será, cada vez mais, um componente essencial, à medida que os minerais ricos e fáceis de serem explorados forem se esgotando. Com isso, a tecnologia será essencial para a exploração de minérios cada vez mais finos e mais pobres. Hoje, a tecnologia permite, por exemplo, que o cobre presente em uma mina com teor de 1% seja comercialmente explorado.
Tecnologia da informação
O futuro da mineração passa também pelo investimento maciço em tecnologia da informação. A começar pela prospecção, na qual a inteligência artificial (IA) já desempenha um papel de suma importância. Pela capacidade que tem de analisar uma massa enorme de dados, a IA indica, com grande precisão, áreas onde a possibilidade de se ter depósitos minerais com alto valor é maior. Isso reduz o tempo de pesquisa e faz com que os trabalhos de prospecção no solo sejam feitos em uma área menor.

Na operação de uma mina, a tecnologia da informação é útil para melhorar a produtividade, a segurança e a sustentabilidade das operações. Um exemplo são os centros de operação que monitoram, em tempo real, todas as estruturas geofísicas de uma mina e permitem antecipar possíveis eventos negativos.
Já a internet das coisas (Iot) faz o monitoramento, também em tempo real, de equipamentos como caminhões e perfuratrizes, e o controle remoto de máquinas, incluindo o uso de drones para monitoramento e inspeção. Isso permite detectar anomalias em equipamentos, reduzir riscos aos trabalhadores e otimizar a produção.
Também na linha de frente das minas, o desenvolvimento tecnológico permitiu o uso de robôs para tarefas perigosas ou repetitivas, como a inspeção de áreas de risco ou coleta de amostras em lugares inacessíveis.

Em resumo, o crescente da tecnologia está tornando a mineração uma atividade cada vez mais segura para o trabalhador; de maior rentabilidade para a empresa; e cuidadosa com o meio ambiente – um patrimônio de todos.