Meio ambiente é parte do negócio
Sempre que se fala na relação entre a mineração e o meio ambiente, a primeira imagem que vem à mente é a do rompimento de duas grandes barragens de contenção de rejeitos, em Mariana (2015), e Brumadinho (2019). Foram acontecimentos graves, do ponto de vista dos danos ao meio ambiente e às famílias afetadas. A reparação está em andamento e irá custar R$ 170 bilhões (Mariana) e R$ 37 bilhões (Brumadinho).
Porém, em condições normais de operação, a mineração é uma atividade muito controlada, do ponto de vista ambiental. A começar pelo fato de que nenhuma lavra é iniciada sem que seu projeto tenha sido seja aprovado pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Quando uma lavra chega ao seu final, é preciso que o Copam também aprove o projeto para o fechamento da mina.
Se a referência for o território ocupado pela atividade mineral, a área total corresponde a um percentual muito pequeno – 32,7 mil hectares ou 0,05% da extensão total do Estado – segundo estudo da Map Biomas, uma iniciativa do Observatório do Clima que mapeia anualmente a cobertura e o uso da terra no Brasil. Trata-se de uma rede colaborativa que reúne instituições como universidades, ONGs e empresas de tecnologia. Para saber mais sobre o Map Biomas, clique aqui.
Manutenção de RPPNs
A mineração desenvolve também uma atividade que é pouco conhecida da sociedade: a manutenção de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). Uma RPPN é uma área privada de preservação ambiental. Para obter o título, que tem caráter perpétuo, o titular da área precisa requerer o seu registro junto à União, ao Estado ou ao Município.

Além do título, o proprietário recebe a responsabilidade pela preservação da área. O trabalho de conservação, aliás, nem sempre é de baixo custo, pois envolve despesas com vigilância, para evitar invasões, e prevenção de incêndios, entre outras.
Por setor de atividade, as empresas de mineração e as chamadas siderúrgicas integradas, que possuem todo o ciclo da produção do aço, incluindo a extração de minério, são proprietárias de 60 das 399 RPPNs existentes em Minas. Em termos de área, a que é ocupada pelas lavras no Estado (32,7 mil hectares) é praticamente a mesma da soma da extensão territorial das RPPNs de propriedade da mineração e das siderúrgicas integradas: 31,8 mil hectares, distribuídos pelos três principais biomas que se fazem presentes no território mineiro – Cerrado, na porção oeste; Mata Atlântica, a sul e leste; e Caatinga, no extremo norte do Estado.
Em várias destas RPPNs, há aninais que fazem parte das espécies em perigo de extinção e que ali podem se manter em segurança. Em várias outras, as empresas mantêm centros de educação ambiental, que recebem escolas, ou de pesquisa científica, em parceria com universidades.
Segurança de barragens
A preocupação em aumentar a segurança de suas operações, especialmente após os rompimentos de Mariana e Brumadinho, está fazendo a mineração ampliar os investimentos na operação a seco, em detrimento da disposição de rejeitos em barragens. Na operação a seco, o minério é beneficiado e o que não tem valor comercial é, normalmente, acondicionado em pilhas, que depois são compactadas e revegetadas.

Hoje, a maior parte das grandes empresas de mineração mantém centros de operação em que, à distância por meio de equipamentos, fazem o monitoramento de suas estruturas geotécnicas, como barragens, diques, empilhamentos, cavas e taludes industriais. O objetivo é prevenir a ocorrência de acidentes.
Além do empilhamento a seco, as empresas de mineração estão investindo na busca por outros usos para o rejeito. Na construção civil, finos de minério de ferro e resíduos de rochas ornamentais são utilizados na produção de argamassa, cerâmicas, tintas e materiais para pavimentação. Também há experiências para transformar rejeitos em produtos como blocos para construção, agregados para concretos e materiais para a indústria siderúrgica.
Na indústria, rejeitos são utilizados em fornos de cimento, na produção de ferro-silício e em outras aplicações industriais, o que evita a necessidade de extração de novas matérias primas.
Fim das barragens a montante
Em acordo com o Ministério Público, as empresas de mineração estão eliminando as barragens construídas pelo sistema a montante, em que os novos diques de contenção são construídos sobre o próprio rejeito ou o sedimento já depositado. O acordo foi firmado após o rompimento da barragem de Brumadinho. Atualmente, 21 estruturas já foram desativadas. Outras 33 estão com os processos em andamento. A previsão é de que até 2035, nenhuma barragem construída pelo método a montante esteja em operação no Estado.
As empresas estão investindo também na redução do consumo de água durante as operações de beneficiamento do minério. Isso se dá com a implantação de plantas em circuito fechado, com a recirculação da água e a minimização de perdas. Já há empresas em que 85% da água é reutilizada.